É um ponto.
Vive na fugacidade dos instantes,
Um solitário que percorre linhas invisíveis.
Captura os anónimos
Na quietude ensurdecedora do quotidiano.
A máscara sem rosto.
Não se esconde; revela-se.
Não se encerra dentro da imagem.
O observador que não deseja ser visto.
O guardião do instante constante.
O instante que não se esvai.
O momento que não se perde.
Não se congela.
Paira num espaço onde nada é permanente.
A pausa entre os passos,
O olhar que ninguém viu,
A sombra sem dono,
O vazio que preenche os lugares.
Tudo o que paira no intervalo
Entre o instante e o constante.
Um movimento criativo
Que não deseja explicar-se.
Um impulso indefinido
Que não precisa ser visto.
Pode ser sentido no intervalo
Entre o que se mostra e o que se oculta.
A intimidade com o desconhecido,
O mistério que se move,
O silêncio que observa.
A vida que se suspende,
O tempo que não se apressa.
O eterno que surge em cada momento.
A suspensão do tempo que se dilata.
A revelação de algo maior do que o momento.
A pausa que respira no infinito.
O ponto que começa tudo.
O lugar onde tudo se cruza.
O fim que ninguém acusa.
O vadio sem rumo,
O errante passante,
O caminhante que não se define,
Um fragmento onde o desconhecido ganha forma,
E o tempo perde os seus contornos.
Não inspira e não teme a solidão.
Descansa sem culpa, sem remorsos,
Sem sonhos inúteis.
A subtileza agressiva,
O tudo que se insinua no nada,
A presença que passa despercebida.
O sentido do que já foi
E do que ainda virá a ser.
Sem fim;
O princípio que nunca se encerra.
Repousa na paz de não esperar
Uma perfeição que não existe.
O reflexo de uma memória viva, pulsante.
Elusivo, apenas sentido em fragmentos.
A resistência de transitar
Nas sombras multipotenciais.
A liberdade entre não ser ninguém
E ser qualquer um.
'Um' é o número mais solitário que você irá encontrar.
'Ponto' é o mais conciso e silencioso dos elementos.
'X' é o enigma multifacetado,
o cruzamento onde todas as possibilidades se encontram.
É Um Ponto X.